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Criança não vem com manual
- 11 de maio de 2018
- Posted by: Ana Maria de Souza Rodrigues
- Category: Escola de Pais
Buscamos uma infância perfeita, com pais perfeitos e família perfeita!
É aí que erramos!
Em todas as reuniões de pais eu sempre dizia: “Que bom se os filhos nascessem com um manual…”.
A dúvida é mais frequente entre os pais de primeira viagem, mas isso não significa que os pais mais experientes também se questionam: “Será que estou cuidando do meu filho (a) ou dos meus filhos da melhor maneira possível?” Para os mais nervosos, os mais intranquilos, a resposta pode ser sufocante.
Não, você não está cuidando da melhor maneira possível. É isso mesmo!
Sempre existe uma maneira melhor de cuidar de seu filho, e estou me referendo as possí-veis, claro. Ou será que foi impossível conversar naquela vez em que você chegou irritado do trabalho e deu uma dura na prole? E a mentirinha que você pregou ao dizer que “Mamãe vai sair, mas volta já, já, viu?” ou “Agora não, tá? Mas, quando o papai voltar do trabalho vai brincar com você”. Quem nunca brigou desnecessariamente ou mentiu conscientemente, apenas para se livrar da pressão dos filhos. Para os que fizeram isso, no entanto, um aviso: vocês não estão fazendo nada errado.
É assim mesmo que se devem criar um filho, sem neurose, sem medo de errar, sem essa preocupação alucinante de dar a ele (a), ou a eles a melhor educação possível, a melhor rou-pa possível, o melhor ambiente possível, os melhores amigos possíveis.
O possível, aqui, soa sempre como algo que está acima dos limites do ser humano comum. O possível é aquilo que, em tese, alguém muito bem preparado pode desempenhar numa de-terminada situação, num determinado momento. Como não somos nós pessoas muito bem preparadas, apenas normais, deixemos o possível de lado e nos dediquemos a educar nossos filhos apenas com o emprego do bom senso.
Já que infelizmente os filhos não vêm com manual, cabe aos pais definir a forma adequada de educá-la. Assim, procuram se orientar com profissionais especializados, ou com vizinhos e amigos que tenham filhos mais velhos do que o seu. Nada contra, mas um número excessi-vo de informações e bem-intencionados conselhos podem mais desorientar do que ajudar. Além do mais, o que vale para uma criança pode não valer para outra.
Prefiro uma saída mais simples. Vamos aprender com os próprios filhos.
Aprendemos a ser pais e mães à medida exata que ensinamos nossos filhos a descobrir o mundo. Mais significativo para a educação deles não é tanto o que fazemos, o que dizemos, o que mandamos que seja feito, mas o que demonstramos ser.
Ambicionamos uma infância perfeita e sermos perfeitos. É aí que erramos.
Esquecemos que, quando criança, às vezes sofríamos ao nos desentender com nossos pais. Na relação que tínhamos com eles, vivenciamos êxitos e fracassos e foi só assim que cres-cemos e aprendemos. Ou seja, nossos pais cometeram os mesmos errinhos cotidianos que nós e isso não nos fez tão mal assim.
Desejos, expectativas, ansiedade e medos permeiam inevitavelmente o contato com nossos filhos. Para os pais, isso não deve se transformar num problema. Como não receberam filhos com manual, é razoável que escrevam o seu próprio, a partir dos acertos e, por que não, dos erros.
O importante é educá-los com bons exemplos, com respeito ao próximo, acolhendo-o nos diversos momentos de sua vida e dando o limite necessário para ser uma pessoa consciente de seus atos. O importante é ser feliz e propiciar um lar feliz!